quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Calo-me

"Aqui jaz um grande poeta. Nada deixou escrito. Este silêncio, acredito, são suas obras completas."
(Paulo Leminski)



Calo-me não por arrogância,
mas pela sutileza de saber que não há mais o que falar.
Não sei mais o que trazer a essas linhas tristes,
brancas e livres dos poemas que construo.

Calo-me temporariamente do lirismo tardio,
da revolução interrompida por falta de companheiros,
da morena que não apareceu, do inconsciente que adormeceu
e do infundado senso crítico.

Calo-me para o mudo, para o surdo,
para o mundo e para mim.
Calo-me, mas não paro de deixar mensagens.
O silêncio é uma greve.

Não é preciso escrever o poema para que ele exista.
O poema é magia, é sentimento.
E palavras são palavras.
Palavras são formalidades.


Thiago Assis F. Santiago
www.twitter.com/euthiagoassis

16 comentários:

  1. às vezes é importante calar e ouvir a voz do silêncio.

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  2. Na boa, pra mim é questão de interpretação: Quando alguém fala besteira e merece uma boa resposta, o silencio dói mas do que um sermão. No entanto quando alguém merece um grande presente o silêncio pode valer muito também..
    Abç.

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  3. "Calo-me não por arrogância,
    mas pela sutileza de saber que não há mais o que falar."

    Me calei por um tempo,acho que foi preciso,o silencio faz bem!


    =*

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  4. Lembrei de uma canção:

    PIERROT
    (Marina Lima)
    Sim, eu resolvi me ausentar
    Para ocultar a minha dor
    Fugi, menti
    Talvez por pudor
    Desde então tanta coisa aconteceu
    Que eu parei prá melhor pensar:
    Voltei prá te dizer o quanto eu senti
    Não te beijar
    E a vida segue, sempre nesse vai e vem
    Que não passa das ondas do amor
    Gira, roda
    Como um pierrot
    Eis que um dia aquela bela casa cai
    E não há mais como negar:
    Voltei prá te dizer que aqui no meu Brasil
    Outra flor não há
    Aqui: cada cidade é uma ilha, sem laços, traços, sem trilha
    E o medo a nos rodear
    Então: bem vindos à minha terra feita de homens em guerra
    E outros loucos pra amar
    E tem sido assim, desde que o mundo é mundo
    Os homens temem a paixão
    Ela fere, ela mata
    Tal qual um dragão
    Enfrentar ainda causa tanto medo
    Mas fugir é bem pior:
    Voltei prá te dizer que nessa guerra
    Não há vencedor
    Aqui: cada cidade é um porto, disse o poeta prum broto
    Que não queria arriscar
    Vem, bem vindo a minha terra, feita de homens em guerra
    E um outro louco prá amar

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  5. As palavras são detalhes...

    Teu silêncio é barulhento.

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  6. Gosto muito de Paulo Leminski.
    Vou confessar o que o melhor escritor de poemas que mais leio é você. Sério, você é muito bom!

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  7. Ha Thiago,estava com saudade dos seus poemas.

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  8. Nem sempre são as palavras que dizem!
    Se faz necessário ouvir o silêncio.

    Beijão =*

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  9. Oi Thi
    Como vc tá?
    Acabei voltando
    Enqto não acho algo legal pro meu canto fico por aqui..
    E vc..
    Como vão as coisas..
    Parabéns pela qualidade das suas palavras!
    Beijo!

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  10. Olá Thiago,
    A muito tempo não venho aqui, e talvez você nem se lembre mais de mim, porem as suas poesias são inconfundiveis.
    Esta ultima, tem tom de morte, tom de adeus... Delicado e legal (y).

    Como vai a vida?
    PS: voltei a escrever... Sinta-se a vontade =]

    Até mais^^

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  11. Nossa, adorei o seu poema! Perfeito! Além disso, me identifiquei com as palavras encontradas aqui.

    Abraços!

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  12. Achei teu poema cético, mas bonito!

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Por favor, se for para comentar apenas Bom texto, passa no meu blog nem se dê ao trabalho.

Conto com a compreensão de vocês quanto a isso, pois creio que não gostam quando isso acontece em seus blogs.

No mais, obrigado pelo comentário.