terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Minha história de uma morte anunciada

”Pela primeira vez dona de seu destino, Ângela Vicário descobriu então que o ódio e o amor são paixões recíprocas.” (“Crônica de uma morte anunciada”, de Gabriel García Márquez)


Cansada de cartas marcadas, de sonhos comprados e do destino que a vida lhe oferecera, ela resolveu se vingar do carma. Mudou completamente, do dia para noite, da água para o vinho, do anjo para o demônio.

A vida pacata se tornara instável. Festas, bebidas e drogas eram a nova realidade. O jeito simples de ser se transformara em um estilo agressivo de se mostrar. Piercings, saias curtas e saltos-altos eram o novo visual.

Perdera qualquer vestígio do amor que sentira um dia. Perdera qualquer senso de romantismo. Fora covardemente enganada: primeiro iludida, depois traída.

Não o amava mais. Não se amava mais.

Sorte dela o destino ser tão perverso. A tentativa de fuga foi frustrada, ela não sobreviveu ao novo modo de viver. Acabou caída, drogada e prostituída em uma esquina qualquer da cidade grande, com sinais de estupro e overdose. Um destino mais amável a teria feito sofrer ainda mais, podem acreditar.



Thiago Assis F. Santiago
www.twitter.com/euthiagoassis

18 comentários:

  1. Que final ela teve, aposta que deve até ter sido melhor, na situação que ela já se encontrava.

    Beijo e tem post novo no meu blog.

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  2. Será?
    Eu prefiro acreditar que a gente deve renascer, mesmo só os cacos, reconstituir os pedaços e nunca perder a fé.

    Belo texto, bem escrito, sofrido!

    Você é demais, caro Thiago. Escreve perfeitamente bem; um poeta também.

    Um abraço.

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  3. Eu também acredito que a gente não possa perder a fé. Nem o amor, mesmo que ele se perca da gente.

    Um dia a gente acha, só não pode ser tarde demais.

    Suas palavras fazem qq um repensar na vida. Sempre é muito bom passar por aqui. MUITo bom, mesmo.

    Parabéns, Thi!

    Poucos conseguem expressar tamanha sutileza em poucas palavras.

    Um beijo, aos montes.

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  4. infelizmente coisas que podem acontecer, talvés poderia ter sido deferente, ou talvés ela teria encontrado outra forma de se destruir, é questão é que nunca se sabe/fato

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  5. Mmm... eu discordo.

    Quando temos amor-próprio e deixamos de buscar no outro a "razão de viver", tudo modifica. Creio que a frase deveria ser: Não o amava mais. E, então, descobriu que nunca se amou.

    A jovem aceitou o mal que lhe fizeram. E pior, foi violenta consigo mesma.

    Ela não é dona de si, tampouco do seu destino, porque quem é reativo não tem controle de absolutamente nada. As situações regem as atitudes. E a sombra de ação se desfaz...


    PS: Única coisa que eu concordo é que o texto foi muitíssimo bem escrito.


    Um beijo carinhoso,

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  6. Nossa... como me identifiquei...
    Isso que eu acredito, em mudar uma atitude, tomar a atitude da noite para o dia, basta escolher...

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  7. Adorei o texto, me identifiquei com ele. Não podemos perder a esperança de uma mudança...

    ;*

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  8. Q texto forte! Adorei!
    Eu entendo o q a fez mudar...entendo pq escolheu esse destino...entendo pq doeu menos...=/


    Lindo texto! *-*

    Bjos!
    =**

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  9. Gostei muito do post, Thiago.
    Pelo menos ela tomou atitude e fez o quis e mergulhou no que acreditou; mas creio que renascer no amor, que seja à lua, é sempre mais prazeroso.
    Embora não posso negar que a dor faça um bem danado à escrita :)
    Lindo o texto!

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  10. Acho que estou perdendo meu senso de romantismo,perdendo meu amor,so amando e deixando ele me engulir cada vez mais.Não sei o que fazer quero demais esquecer mas não consigo!=/

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  11. Será Thiago?
    Eu prefiro a tentativa do que a incerteza.

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  12. É, certas realidades são realmente cruéis. Mas não acho que ninguém deve tentar fugir dela... de alguma maneira, ela volta.
    Gostei do texto.

    Um beijo

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  13. Nuu o final que mataou ela ne....a fuga .....

    abraçao

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  14. Wow. Gostei - mesmo!
    E, mesmo sendo homem, consegui me identificar.. rs
    Esse lance de perder o romantismo, nao o amar, nao se amar me lembrou de muitas coisas. As vezes eu olho pra mim e digo: Chega de romantismo barato, Gustavo. rs
    Sei lá, amor pode ser comparado a uma droga mesmo. Foi o que aconteceu a ela - a causa de tudo: amor ou nao-amor.

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  15. Há.. " drogada e prostituída"
    Ela num tinha 13 anos,né?!!

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  16. Por isso odeio mudanças :D É tão mais confortável continuar do mesmo jeito *-* Não sei se comodismo é bom, mas term casos (como nesse texto) que ele é a melhor saída !

    beeijo :*

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  17. Não imagino sofrimento maior, pior. Talvez a morte, mas seria um alívio.

    Tenho pouca fé, não credito em mudança. Pessoas não mudam, fingem mudar pra agradar.

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  18. Às vezes, as pessoas destroem a propria vida devido a dor que sentem. Isso é triste, mas é real. No entanto, sempre dá para se reerguer. Talvez, se ela tivesse olhado para si mesma, não tivesse terminado desse jeito =]
    Lindo texto, vc escreve maravilhosamente bem ^^
    Seguindo :*

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Por favor, se for para comentar apenas Bom texto, passa no meu blog nem se dê ao trabalho.

Conto com a compreensão de vocês quanto a isso, pois creio que não gostam quando isso acontece em seus blogs.

No mais, obrigado pelo comentário.